Sarau Interno

Tudo está desmoronando  minhas relações meus princípios  minhas razões meus amigos meus sonhos minha vida meu eu minha família tudo que me conecta a esse mundo está desmoronando  e a culpa é minha pode colocar mais essa em minha conta que já está quase desmoronando também não suporta mais meus erros e minhas culpas  nem eu mais suporto estou desmoronando   

Passei por muita coisa  carrego comigo o peso das bagagens que adquiri  cada mala contém lugares, lembranças, histórias e pessoas  algumas levam com si traumas  as malas estão colocadas em departamentos  tem as que eu quero esquecer  as que eu quero sempre me lembrar  as importantes  e as irrelevantes  carrego há muito tempo malas que deveriam ser esquecidas nos terminais pesam demais meu caminhar e ás vezes me fazem até querer desistir  não vale a pena carregá-las  é uma pena ter percebido isso agora  o agora já é tarde  não tenho mais forças para caminhar 

Sou o veneno e o antídoto  somente eu posso me destruir  e somente eu posso me salvar  tudo que eu tenho é meu próprio eu basta saber se isso me conforta ou me condena 

Você se humilha  até ficar minúscula você acredita todos os dias que não é capaz desconfia do amor das pessoas a todo momento  se culpa sempre por coisas que não estão ao seu alcance permanece em lugares que não te fazem bem continua bebendo de sexta a domingo  insiste em se entregar para pessoas que não te dão valor persiste em ser outra pessoa para se encaixar em expectativas  isso é abuso  isso é ódio próprio  isso é autodestruição   

Como as flores  eu crio raízes em lugares, ideologias, livros e pessoas  me sinto firme nesses solos e são eles que me nutrem  para que eu continue a evoluir  Como as flores também cresço, me modifico e aprendo coisas novas  e a cada mudança conheço mais de minha essência Como as flores Murcho e caio, mostrando que dias ruins existem  mas não são o fim eu caio para que um  novo eu floresça e sinta o sol novamente 

Minhas partes estão em meus textos cada um deles tem um pouco de minha essência e de minha vivência   cada vírgula, ponto, palavra, letra e frase contém  o que perdidamente me criou  se quer me conhecer de verdade se quer conhecer meu jardim interno  Leia meus textos 

Escrevo coloco um ponto retiro uma vírgula troco uma palavra mudo o título  e apago tudo estou assim ultimamente   e sei que é uma fase mas existem fases que são duradouras  e isso me assusta se não escrevo as palavras crescem dentro de mim e machuca pois aqui só tem espaço para raízes entrelaçadas  sem fim nem começo sufocando tudo que aqui dentro tenta ter vida  sinto te dizer leitor aqui só há lugar para a morte  que sem forma sempre teve espaço aqui minha amiga quando se trata de mim e minha inimiga quando se trata de outras pessoas 

Como criança o porque insiste em sair de minha boca  por que tenho que viver? por que tenho que me encaixar? por que eu não consigo mudar? perguntas  que faço as vozes que em minha mente insistem em aparecer  elas sempre estão a gritar  mas no momento de responder minhas perguntas o silencio se instala em meu ser  perguntas não respondidas  são como te amos não ditos  eles te consomem  e de mim nada mais restou 

 Queria escrever mais poemas sobre coisas boas  gostaria de poder dizer coisas bonitas que te fazem seguir mas sei que minhas palavras voltadas á dor  precisam ser ouvidas, não só por mim não só dentro de mim As borboletas e os pássaros que voam em meu jardim interno  insistem em sair por ai contando a outras criaturas minhas palavras  e vi que muitos absorveram e acharam conforto nelas  Por isso não desisto de escrever  sei que há pessoas que precisam ler  e sentir o que cada palavra quer compartilhar  mesmo sento algo não feliz infelizmente as pessoas se identificam com a dor

Quem sou? do que gosto? pelo que busco? qual parte minha me faz seguir? pergunta bela moça, sentada na varanda prestes a cair  Se continuar, o que comigo vou levar? se desistir e partir, alívio á minha alma vem a seguir  vento no rosto, água nos pés  troca de olhar, gole de café nunca mais irei sentir  Lembro da minha avó a gritar  essa moça contigo liberdade leva, não adianta segurar  certíssima sempre, a liberdade estava a me criar ela não habitava em minhas atitudes e sim em meu eu que sempre quis voar  Me deparo com o chão  coisa que não sei lidar  cair, levantar persistir, alcançar  viver, morrer brincar, chorar  No alto da varanda vejo o mar  encontro nele forças para continuar 

Pode ter certeza  perdi tudo e todos  me sinto mais sozinha do que nunca  a solitude que eu escrevi alguns dias se foi  só há solidão  "A gente só da importância quando perde" mentira do caralho, eu sempre dei importância  mas com a falta a dor vem  e você descobre sentimentos novos  eu nem sei definir, só sei que dói Sei que foi uma reação minha  eu até tentei te culpar  De quem é a culpa, se ela não é minha? como disse é uma escolha que somente eu posso fazer mas depois do que eu ouvi foi impossível  tomar qualquer atitude agora é inviável  estou presa, morrendo lentamente e agora sem você esse processo se acelera  e não eu não gosto disso, quero ir o mais rápido sim mas não sentindo o que estou sem você então sem dúvidas essa minha escolha me condena 

Quero passar o dia todo escrevendo mas não sei como expressar o que estou sentindo não dessa vez Quando se escreve sobre contos e histórias  é mais fácil, agora escrever o que vem do coração sem nem mesmo saber o que está passando aqui é frustrante Eu tenho noção do que passei mas aqui dentro esta uma bagunça as borboletas do estômago se foram no lugar há somente nós   meus intestinos estão todos entrelaçados  meu pulmão suplica por cigarro  meu coração não quer mais acelerar por ninguém  e meu cérebro não quer mais produzir serotonina Resumindo está uma bagunça daquelas que você não  sabe por onde começar a arrumar  na real nem quero, ninguém vai habitar aqui  pra que arrumar ? mas precisava expressar  sei que isso vai acabar me consumindo.

 Leio e releio cada frase Cada palavra é um soco no estômago  Cada letra é um fragmento de esperança O que leio entra em meu corpo e da sentido a algumas coisas  Meu coração bombeia essas palavras  Levando para minhas veias que transportam tudo a todo o corpo  Sinto que a única coisa que me restou foram os textos  Isso dói, mas me traz alívio e de alguma forma, me faz caminhar, mesmo que morta por dentro  Estou aqui presa sendo carregada apenas pelas palavras

Eu sinto tanto por isso que chega a doer o peito como se pedras fossem colocadas  uma após a outra, todas em cima de mim Sinto como se uma parte da minha pessoa  tivesse sido consumida, absorvida por algo que escolheu ficar longe  Sinto como se fosse um membro perdido minha parte não está mais lá mas ainda sinto dor  Sinto quando escuto Te vi na rua ontem  sinto quando escrevo  sinto quando fumo um cigarro sinto quando entro no seu blog sinto quando ligo o celular e não vejo mensagem sua Espero pelo dia de não sentir mais 

viver doí me corrói meu corpo está cheio de gasolina  e eu estou prestes a acender o isqueiro  você acha que me salvou mas na verdade me condenou foi egoísta  eu a muito tempo já estou morta  só encontro vida em minhas palavras estou falando de meu túmulo no momento   

pessoa cuja a vida se tornou estilhaço  minhas partes estão por ai  em casas vazias  em corações aflitos em cada canto há um fragmento meu  não me sinto inteira  e mesmo se juntassem todos os meus pedaços  ainda sim me sentiria incompleta  não sei o que falta  não sei se um dia vou saber e sinceramente não procuro me acostumei incompleta viver  

 A confiança é uma construção  sempre ouvi isso.... quando desmoronada é difícil de reconstruir  ás vezes nem se reconstrói sinto que deveria ter me apegado mais a isso Muitas pessoas me destruíram   algumas me reconstruíram devagar  outras nem se quer tentaram  Mas eu nunca imaginei que você acabaria com nossa construção  quebrou tijolo por tijolo  tudo desmoronou  Agora só confio nas folhas  elas reconstroem cada parte minha que se desfez  cada parte que destruíram em pedacinhos  agora confio somente nas folhas

  Escrevo tudo e apago  estou presa nesse ciclo estou estagnada no lugar   As palavras já não fazem mais sentido estão se apagando do papel  restando apenas uma folha vazia e amarelada  sem historias, sem poesias, sem coisa qualquer  A minha cor favorita é o amarelo claro das folhas dos livros encontro nele a solitude, talvez a solidão ambas eu vivencio e trago comigo onde for  As folhas limpas podem ser uma possibilidade de recomeço  no caso do meu caderno, pode ser de uma nova história  com outro autor, outra introdução e outro final  garanto que será mais feliz   

 vou deixar aqui páginas desse livro em que se encontra um pedacinho meu  "Se você expressar o que habita em você, isso irá salvá-lo. Mas se você não expressar o que habita em você isso irá destrui-lo."  p. 11 p. 14 "Chegou o instante de aceitar em cheio a misteriosa vida dos que um dia vão morrer" p. 30 p. 32 p. 33 "Haverá outro modo de salva-se? Senão o de criar as próprias realidades?"  p. 42 p. 48 p. 53 p. 57 p. 60 "Mas difícil que a morte é esperar por ela" p. 73 "È só pela consciência da morte que nos apressamos em construir esse ser que deveríamos ser." p. 79 p. 87 "Morrer é apenas não ser visto, morrer é a curva da estrada" p. 98 p. 102 p. 103 p. 106 p. 107 "Salve-se quem puder, porque para todas as horas é sempre chegada a hora." p. 111 'O problema é que a verdade não é um conceito. A verdade é uma experiência" p. 132  p. 135 p. 138 p. 146 p. 147 "Ninguém pode nos fazer infelizes, apenas nós me

A pior que já tive  a cada 5 minutos atualizava a página esperando que um novo texto surgisse  me dando alguma ideia de como ele está  os textos falam comigo tenho uma relação individual com eles  são os únicos que não me escondem nada eu vejo o significado de cada letra dentro de você o mais intimo que já cheguei foi através dos textos   os meus estão ficando sem fim estou aprendendo a lidar com eles  vou me adaptar  embora não tenha muito tempo

vejo no fim um ponto de luz  inalcançável  mas se encontra presente sei que ele existe mas não posso ter esperança  pois apesar de vê-lo ele permanece  inalcançável o escuro se tornou meu amigo com ele não tenho esperança  acho melhor assim dessa forma não me deparo com a decepção  eu sinto vontade de sentir a luz em meu corpo  não vou mentir  mas eu me tornei sensível a ela e sigo assim até o poço me consumir                

 O que me conforta nos meus tempos ruins é o que eu sinto por você  Esse sentimento é como abraço na alma como música  como água do mar nos pés  como vento no rosto como poesia  como florescer  como cantar música que vem do coração  como tomar sol como sorrir  e diversas outras coisas que me fazem seguir

Depois de um longo período de seca  Eu floreço  Como cacto cereus  Pouco abraçada Quem permanece sempre acaba sangrando com meus espinhos  E se afastando com dor  E a culpa aí vem  Deixando em mim a vontade de na seca  Morrer por completo  Se você colocar água demais em mim Expectativas demais de que eu floresça  Vou apodrecer  Começando pela raiz Difícil processo  o de florescer  Exige paciência e persistência

Orquídeas por toda parte Raízes em uma ideologia de amor Histórias em cada canto  Contados por objetos de um colecionador  O sorriso no rosto de quem une a família  E traz consigo ensinamentos  Obtidos em sua vida Cigarro entres os dedos  Faça o que eu falo Não faça o que eu faço Frase que mostra muito sobre seus receios  O amor nunca faltou A compreensão no seu coração sempre levou Cuidou e cuida de todos até hoje Saudade no peito de quem ficou  Ensinamento deixado  Com esforço na vida se consegue tudo Prometo aqui na terra te deixar orgulho   (a senhora ia me xingar por usar essa foto, mas eu amo tanto ela..)